"Fortes são aqueles que encaram as dores advindas do amor e não recuam diante de seus riscos; caso se decepcionem, dão a volta por cima e seguem em frente, sem deixar de aprender com a experiência, extraindo dela elementos para a educação sentimental. Mas há os que se dão tanta importância, e são tão orgulhosos, que não admitem a possibilidade de sofrer de novo por causa de um amor.
Gente assim, aparentemente forte e decidida, capaz de dispensar a necessidade de convivência íntima, é na verdade frágil e cheia de orgulho vazio. Sua indeferença afetiva, mesclada a um sentimento de triunfo sobre a banalidade do amor, na verdade esconde enorme vulnerabilidade diante da dor. Pode-se dizer que se sente grande demais para ficar exposta outra vez aos desencantos amorosos. Quanta presunção para só uma chance de existência que temos no mundo!
O espírito da atualidade, vem dando um álibi para os que se defendem do amor, vem criando um tipo de gente que se contenta com o gozo fácil, subtraído de integridade e do vínculo afetivo, estável e leal. Mas isso não vale para todos, ainda bem.
Talvez seja bom parar e pensar com diz a música, que toda forma de amor pode valer a pena: o amor erótico e os outros; o amor ao cinema - como o cineasta espanhol Pedro Almodóvar acaba de declarar, no pré-lançamento do seu filme Abrazos Rotos; o amor aos parentes e aos amigos; o amor à própria vida - afinal, desistir do amor é desistir um pouco dela".
Paulo Sternick